Frankestein, ou o Prometeu Moderno de Mary Shelley.


Frankenstein, ou o Prometeu Moderno, Marry Shelley;
Nova Fronteira, 234 pág.;
☆☆☆☆☆.


Uma obra sobre o abandono e a desesperança.

    Mary nasceu em 1797 e talvez uma de suas maiores inspirações venha de berço. Seus pais eram os escritores influentes William Godwin, filosofo liberal e poeta, e Mary Wollstonecraft, escritora da obra feminista Uma Reivindicação Pelos Direitos da Mulher (1792). Tendo sua mãe falecido 11 dias após o seu nascimento, Mary nunca teve contato direto com sua mãe, mas nutria uma profunda admiração por ela. Teve sua educação estimulada pelo pai e cresceu diante dos livros. Aos 17 anos conheceu e se apaixonou por Percy Bysshe Shelley, um poeta liberal influente da época, que viria a se tornar seu marido. 
    Em um feriado na companhia do excêntrico poeta Lorde Byron, em um verão chuvoso e uma noite de tempestade, nasceu sua obra prima, motivada por uma competição de histórias de terror. Aos 19 anos Mary escreveu uma das obras mais influentes da literatura de horror e a obra tida como primeira ficção científica da história da literatura. Frankenstein é um texto gótico com influências do Movimento Romancista. 


    É um romance epistolar onde conhecemos Victor Frankenstein, um rapaz que se interessa pela arte da ciência desde criança. Apaixonado pelas ciências naturais antigas, como a alquimia e o galvanismo, Victor faz de seu objetivo de vida recriar a vida, superando o doloroso fenômeno da morte. O personagem se mostra um homem doce, tendo sido criado de formar diferente do convencional da época. 
    Victor passa meses sem se comunicar com seus familiares e coloca todo seu tempo e disposição na sua pesquisa e na sua missão de reviver um corpo humano, e ele consegue. Frankenstein se arrepende de imediato de sua criação, ele passa a enxergar a criatura, e em partes a si mesmo, como uma monstruosa aberração. Ele abandona sua criatura e meses depois tem a noticia que seu irmão mais jovem foi brutalmente assassinado. Victor está certo de que o monstro matou o seu irmão, ele sente na sua alma a culpa dessa morte, pois o monstro foi criado por suas mãos. Ele se compara diversas vezes com o monstro, contesta sua sanidade e humanidade. A autora nos passa, com fidelidade, os sentimentos de tristeza e angústia profundas. 
 

 
    Mas isso é apenas uma parte do peso que a narrativa nos trás. Assim como Mary, seu personagem Victor perdeu sua mãe muito jovem, e, assim como Mary e Victor, a criatura passa pelo abandono de seu criador. Sua obra é uma reflexão de temas como a relação entre criatura e criador, o abandono e a solidão, a ruína humana, representada pela destruição que recai sobre o Victor, a contemplação da natureza e a destruição da mesma pela tecnologia humana. É também uma reflexão sobre o amor e os sentimentos de vingança e arrependimento. Pela visão de Victor vemos o arrependimento de ter sido capaz de criar algo monstruoso, e pelos olhos da criatura vemos o medo, o ódio, a inferioridade e dor. 


As influências da obra podem ser vistas nas obras de artistas como Tim Burtom (Edward Mãos de Tesoura e Sally - de The Nightmare Before Christmas). Se você curte a obra e quer ver mais sobre esse universo eu recomendo os filmes Frankenstein de Mary Shelley (1994), que é a adaptação mais fiel a história original, e Mary Shelley (2017), que fala romanticamente sobre a vida da Mary Shelley ~digo isso porque nem todos os fatos são confirmados historicamente, mas vale a pena assistir~
    

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